Investimentos em infraestrutura, atuação do setor por causa de eventos esportivos e programa Minha Casa, Minha Vida ampliarão oportunidades.
A aceleração no ritmo das obras imobiliárias e de infraestrutura deve aquecer a criação de empregos na construção ao longo de 2013, criando uma pressão adicional para os salários dos trabalhadores e para os custos de construção das empresas.
“Vamos continuar vendo um desequilíbrio entre oferta e demanda de mão de obra. Então, devemos ter pressão por aumento de salário”, diz o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Safady. “É positivo (para o em pregado), mas preocupa pela falta de mão de obra de qualidade.”
Os aumentos salariais têm contribuído para o avanço do índice Nacional de Custos da Construção (INCC), usado como referência nos contratos de obras e comercialização de imóveis. Nos últimos 12 meses encerrados em janeiro, a alta foi de 6,94%, segundo dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
O setor de construção é um dos principais pólos geradores de vagas na economia brasileira, mas em 2012 perdeu fôlego junto com o restante do mercado, segundo Safady. Na sua avaliação, porém, o emprego na construção deve crescer mais daqui em diante. “Teremos um ano mais animado. Por isso, a performance do emprego deve ser boa, maior que a de 2012”, estima.
Até dezembro, o setor empregava 3,270 milhões de trabalhadores formais, de acordo com o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP). O montante é 3% maior do que um ano antes. No entanto, as demissões superaram as contratações no fim de 2012 e, apesar de o movimento ser sazonal, o fechamento de postos se fortaleceu.
Em dezembro, houve redução de 101,7 mil vagas, enquanto, um ano antes, o corte foi de 83,9 mil vagas. Conforme lembra Safady, o setor foi afetado pelo ritmo lento na execução das obras de infraestrutura, que enfrentaram empecilhos burocráticos e baixo nível de investimentos públicos. Além disso, o emprego foi afetado pela redução dos lançamentos de empreendimentos residenciais no mercado.
Para 2013, o cenário é mais otimista. “Os programas (de concessões para obras de infraestrutura) lançados pelo governo junto à iniciativa privada somados à necessidade de acelerar as obras de mobilidade para Copa do Mundo e Olimpíada dão uma panorama animador”, afirma Safady. O presidente da Cbic acrescenta que o mercado também deve se recuperar, impulsionado pelo programa federal Minha Casa, Minha Vida, que passou por ajustes recentemente, viabilizando novos empreendimentos. A opinião é compartilhada pela coordenadora de estudos da construção da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Ana Maria Castelo. A pesquisadora complementa que o mercado residencial deve crescer graças a altas mais moderadas no preço dos imóveis, disponibilidade de crédito para financiamento e bons níveis de renda da população.
“Há uma expectativa favorável para o mercado imobiliário, mesmo sem repetir o que ocorreu em 2008 e em 2010, com demanda superaquecida e preços subindo a ritmos alucinantes”, diz.
Ana Maria pondera, no entanto, que o nível de emprego talvez não supere o crescimento visto no ano passado, já que a retomada das obras deve vingar só daqui a alguns meses. “O ciclo veio desacelerando desde abril do ano passado e deve voltar a se fortalecer a partir da metade deste ano. Talvez, na média, o crescimento do emprego não seja tão diferente do que em 2012. Mas a dinâmica de alta vai ser.”
Só nos próximos meses, as empresas de construção poderão contar com o pacote de desoneração fiscal anunciado em dezembro pelo Ministério da Fazenda e que entrará em vigor em abril. O pacote reduz de 6% para 4% a alíquota sobre o Regime Especial de Tributação (RET); amplia de R$ 85 mil para R$ 100 mil o valor máximo dos imóveis residenciais de interesse social, que no RET tem alíquota de apenas 1%; e muda a alíquota da contribuição previdenciária de 20% sobre a folha de pagamentos para 2% sobre o faturamento.
Fonte: O Estado de São Paulo