O Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), publicou em janeiro a Sondagem da Construção, com quesitos especiais sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Minha Casa, Minha Vida (MCMV).
O estudo foi realizado com 702 empresas brasileiras do setor da construção, em dezembro de 2015. A avaliação dos economistas do Ibre, liderados pela economista e coordenadora de projetos da construção da FGV, Ana Maria Castelo, é que os programas de incentivos do governo ainda seguram à atividade econômica no setor da construção, mas ainda sofrem com os constantes atrasos de pagamentos. As duas maiores preocupações do setor nesse instante são os atrasos de pagamentos e o desemprego, que ficam refletidos nessa pesquisa, alerta o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins.
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, ontem (21), coloca o setor da construção na segunda posição entre os que mais perderam trabalhadores em 2015, totalizando 416 mil trabalhadores, ou seja, quase 2 milhões de pessoas atingidas. Esse resultado endossa a expectativa do setor e também o alerta previsto pela Sondagem da Construção. Quase 30% dos empregos perdidos estão na construção, é preciso reverter isso, afirma o presidente da CBIC. A condição é clara: os investimentos precisam voltar e governo precisa diminuir o gasto público para que seja possível dar uma resposta positiva. Segundo a economista do Ibre/FGV, Ana Maria Castelo, o emprego vai continuar em queda, mas obviamente isso pode ser revertido, por exemplo, se a Fase 3 do Programa Minha Casa, Minha Vida sair do papel, assim como os débitos dos programas forem quitados. Isso pode dar sim uma dinâmica positiva atenuando a perspectiva negativa do emprego, analisa Castelo.
A Sondagem da Construção mostra um retrato da situação do setor da construção. Segundo a coordenadora da FGV, os programas do governo perderam muito a capacidade de atuar de forma contracíclica, como aconteceu até 2009. Naquela época, mesmo enfrentando-se uma crise mundial, o PIB da construção cresceu 7%. O estudo foi realizado durante a fase final do Programa Minha Casa, Minha Vida. No caso do PAC, foi no momento da redução dos investimentos, do ritmo de obras e também de paralisações, mas ainda assim o que percebemos é que as empresas que trabalham com os programas ainda têm perspectiva de
atividade, comenta Ana Maria Castelo.
Mesmo assim, existe hoje uma retração forte da atividade e houve uma deterioração da confiança dos empresários da construção (veja gráfico acima). Seja de uma maneira geral ou de quem trabalha nos programas. Percebemos também que as empresas que trabalham com o Programa Minha Casa, Minha Vida ainda estão menos pessimistas do que as que não trabalham. Isso significa que os programas perderam a oportunidade de atuar positivamente na atividade por conta do contexto econômico”, diz Castelo.
Fonte: CBIC