No último trimestre de 2014, as construtoras de grande porte sofreram mais do que as médias e pequenas com as quedas do nível de atividade e da atividade em relação à usual. O resultado foi a redução do número de empregados. Os dados já apareciam esparsamente no noticiário e se confirmaram tanto pela Sondagem Indústria da Construção, da CNI, como pela pesquisa FGV-Sinduscon, que apontou recuo de 0,51% do nível de emprego do setor no ano passado.
Entre dezembro de 2013 e dezembro de 2014, o nível de atividade das grandes empresas caiu de 44,8 pontos para 38,8 pontos, o da atividade em relação à habitual foi de 44,6 para 37,2 pontos e a evolução do número de empregados, de 45,4 para 39,2 pontos, abaixo das médias (39,4 pontos, 38,2 pontos e 39,5 pontos). A linha de corte é 50 pontos e, abaixo dela, o índice é negativo.
No último trimestre, as grandes construtoras foram as mais insatisfeitas com a margem operacional, com a situação financeira e tiveram maiores dificuldades de acesso ao crédito. Quanto às expectativas, as grandes também estão mais pessimistas com o nível de atividade, novos empreendimentos, compra de insumos e número de empregados.
A propensão a investir caiu desde janeiro de 2014 (55,9 pontos) até janeiro de 2015 (40,8 pontos). As grandes empresas declararam-se menos propensas a investir do que as pequenas e médias. Sob esse aspecto, o segmento parece afetado tanto pelo escândalo da Petrobrás, que envolveu as maiores empreiteiras, como pelo desaquecimento econômico, a piora da situação financeira e a baixa expectativa de recuperação.
Os problemas das construtoras mudaram muito, destacando-se, no último levantamento, a falta de demanda, a inadimplência dos clientes e o elevado custo da matéria-prima. Ao mesmo tempo, reduziram-se os problemas da falta de trabalhadores qualificados, do licenciamento ambiental e até da disponibilidade de terrenos. Mesmo com a alta dos juros, essa dificuldade pouco se alterou entre o terceiro e o quarto trimestres do ano passado.
A sondagem da CNI mostrou com regularidade, nos últimos meses, os efeitos perversos da estagnação da economia sobre a atividade da construção de edifícios e obras públicas, que tem peso relevante na taxa de investimento. Reflete, note-se, médias nacionais extraídas da amostra de 561 empresas – ou seja, capta pior situações específicas, como a escassez de áreas edificáveis em cidades como o Rio e São Paulo.
Fonte: CBIC