Na última quarta-feira, dia 20, o SindusCon-SP e outros representantes do Fórum de Desenvolvimento Urbano e Construção Sustentável (FDUCS) participaram de reunião com o secretário executivo do Ministério de Minas e Energia (MME), Luiz Eduardo Barata Ferreira, para discutir a eficiência energética dos equipamentos de ar condicionado no Brasil.
Atualmente, o índice mínimo definido pelo Comitê Gestor de Indicadores de Eficiência Energética (CGIEE) é 40% inferior aos obervados nas boas práticas internacionais.
Segundo o vice-presidente do SindusCon-SP, Francisco Vasconcellos, o grupo apresentou ao ministro uma carta elaborada pelo FDUCS sobre o segmento de ar condicionado. “O consumo de energia nas edificações, principalmente residenciais e comerciais, em função do uso mais intensivo do ar condicionado, está crescendo consideravelmente. E esse crescimento está baseado em uma exigência baixa de eficiência dos equipamentos.”
Atualmente, o Brasil é o nono maior consumidor de energia elétrica do mundo. A projeção do consumo elétrico para os próximos anos aponta elevação de 55% até 2020, sendo grande parte destinada ao condicionamento artificial do ar.
Por esse motivo, foi sugerida ao secretário a abertura de diálogo com a indústria para a elevação dos níveis mínimos – de forma a reduzir o impacto do aumento da demanda de energia futura – e para a obrigatoriedade de medição de sistemas não cobertos pelo Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), tais como chillers, VRFs e selfs.
Também foi solicitada uma discussão com o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) sobre a urgência de iniciar a avaliação dos sistemas de condicionamento de ar em carga parcial (SCOP).
De acordo com o deputado federal Paulo Teixeira, “a proposta foi muito bem recebida pelo secretário por ir ao encontro a agenda do MME, comprometida com a adoção de medidas de eficiência energética. Além de economizar energia, se adotada, dará uma enorme contribuição na prevenção das mudanças climáticas.” A expectativa dos presentes é que o CGIEE seja acionado para estudar como tomar as medidas rapidamente.
Índices atuais
Em 2011, a partir da publicação da portaria interministerial nº 323, ficaram estabelecidos novos índices mínimos do coeficiente de eficiência energética: 2,60 W/W para condicionadores split, e 2,30 a 2,78 W/W para condicionadores de janela. No entanto, esses níveis ainda se mostram tímidos se comparados aos praticados em outros países. Eles são compatíveis apenas com o apresentado hoje na Índia.
Uma análise a respeito de condicionadores tipo split, realizada pela Universidade de Santa Catarina, aponta que o equipamento mais eficiente no Brasil apresenta coeficiente de eficiência energética de 4,79 W/W. No Japão o mesmo coeficiente ultrapassa 6,5 W/W.
Na opinião do professor titular da Universidade Federal de Santa Catarina e supervisor do Laboratório de Eficiência Energética em Edificações (LABEEE), Roberto Lamberts, também presente na reunião, o Brasil tem condições de elevar os níveis de eficiência dos equipamentos de ar condicionado no mesmo patamar do exterior. “O split, por exemplo, é uma commoditie. Importamos as peças da China e montamos as máquinas. Se naquele país os níveis são elevados, nós também podemos aumentar.”
Também preocupados com essa questão, os Estados Unidos anunciaram em dezembro de 2015 uma norma mais rígida de eficiência energética para equipamentos comerciais de ar condicionado e de aquecimento. O objetivo é reduzir 885 milhões de toneladas de emissões de dióxido de carbono. O novo padrão foi elaborado por meio de um consenso entre a indústria, grupos de trabalho e ambientalistas.
Participaram ainda da reunião o secretário-adjunto da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético, Moacir Carlos Bertol, a chefe da assessoria parlamentar, Marta Lira, e o assessor especial, Alexandre Ramos.
Fonte: Sinduscon-SP