Enquanto a economia do país deve encolher 3,5% neste ano, a construção civil vai recuar mais que o dobro. A queda prevista é de 8%, uma das maiores da história do setor. Segundo o economista do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Daniel Furletti, o rombo do setor é maior porque depende fortemente de investimentos, que despencaram.
“O Produto Interno Bruto (PIB) geral ainda tem outros setores para amenizar a queda, como a agropecuária. Mas a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que indica investimentos, caiu 12,7% neste ano. E 51% desses investimentos vêm da construção”, justifica o economista.
Nos últimos cinco anos, a construção vinha reduzindo o ritmo de crescimento, mas agora a situação está muito ruim. “Saímos de um incremento de 13,1%, para 8,2% em 2011, 4,5% em 2013 e 0,9% no ano passado”, lembra Furletti.
Até o terceiro trimestre, o país fechou 818 mil postos de trabalho com carteira assinada. Um em cada três dessas demissões formais aconteceu na construção.
O resultado da retração econômica está evidenciado no balanço do ano, divulgado nesta sexta pelo Sinduscon. “O setor acompanha a macroeconomia. E estamos vivendo uma estagflação, com recessão e inflação ao mesmo tempo. Vamos cair 3,5% em 2015 e 2,31% em 2016. E a construção, que vai cair 8% neste ano, deve cair outros 5% no ano que vem”, avalia.
Segundo o economista, a principal saída para amenizar as perdas já previstas é investir. “Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) indica que, para cada R$ 1.000 investidos, são gerados R$ 720 de renda. E, para cada R4 10 milhões investidos, são gerados 391 novos postos de trabalho”.
Como o governo está com as contas no vermelho, o economista afirma que seria interessante buscar parcerias com a iniciativa privada. “Antes, a economia se baseava no consumo, no crédito e nas commodities. Agora, a estratégia para tirar o país dessa crise e consolidar um crescimento sustentável é o investimento. Quando ele acontece, a economia gira”, afirma.
Estoque de novos cai pela metade
O estoque de imóveis em Belo Horizonte e Nova Lima caiu pela metade, segundo pesquisa do mercado imobiliário feita pelo Sinduscon-MG. De janeiro a setembro de 2014, foram lançadas 3.558 unidades. Em 2015, foram 1.795.
A queda da oferta não indica que os consumidores estão comprando mais. De acordo com o economista Daniel Furletti, com a falta de confiança do empresariado, o número de lançamentos é que diminuiu. Os preços ainda não caíram. Estão estáveis, com alta acumulada de 0,34% neste ano. Mesmo assim, Furletti garante que é um bom momento para compra. “As construtoras estão dispostas a negociar. E é melhor investir em um imóvel do que em títulos de um governo deficitário.”
Fonte: O Tempo