O setor de construção civil não terá uma retrospectiva positiva de 2015, seja em relação às indústrias ou aos trabalhadores. Além do déficit no crescimento, houve desemprego recorde na área.
De um lado, as indústrias lamentam a falta de investimento público e não veem um futuro tão favorável. Do outro, trabalhadores culpam a crise política e já se mostram um pouco propenso a melhorias. De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) de Juiz de Fora, Aurélio Marangon, está prevista uma redução de 8% no setor em 2015, com relação a 2014 e não é certo que o desenho mude nos próximos meses.
“A expectativa para 2016 não é muito diferente, a não ser que haja mais investimento do setor público em infraestrutura, com aquecimento em programas sociais, como o Minha Casa Minha Vida. Isso faz com que as empreiteiras trabalhem mais e gerem muitos empregos. Caso contrário, devemos fechar o ano da mesma maneira”, disse.
Ele contou que a incorporação, que é o setor de venda de imóveis dentro da construção civil, pode apresentar uma pequena melhora no próximo ano, mas isso ainda gera desconfiança. “Os mais pessimistas acham que o mercado vai se comportar como em 2015, ou que deve haver uma redução menor, mas significativa. Mas aí estamos lidando com expectativa, sem números. O que podemos dizer é que o setor vai acabar trabalhando com otimismo e isso trará uma melhora automática”, explicou.
Apesar de estar vivendo um momento de instabilidade, Marangon defendeu que a crise atual não foi a pior que o setor já viveu nos últimos anos. “Nem de longe. Em 1984 e 1986 tivemos crises muito piores para a construção civil. Esta é passageira e não deverá ter consequências muito maiores, é nisso que acreditamos”, finalizou.
Demissões aumentaram no setor
O G1 também conversou com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário (STICM) de Juiz de Fora, Márcio Mendes de Almeida, que lamentou o número de demissões sofridas pelos funcionários das indústrias em 2015.
“O ano não foi bom, em virtude do processo eleitoral do ano anterior e da crise política que se alastrou desde então. Não houve muitos lançamentos de empreendimentos, como estávamos prevendo. Tínhamos uma expectativa de geração de empregos maior, vínhamos com um mercado aquecido, mas fomos pegos de surpresa com uma taxa de cerca de 100 demissões por mês”, contou.
Sobre a crise atual, ele deixou claro que o fator político foi dominante e que 2016 deve trazer fôlego ao mercado. “A crise é mais política que econômica. Essa discussão de 3º turno e perda de mandato (da presidente Dilma Rousseff) está prolongando muito e deixando o mercado desequilibrado, com receio de fazer investimentos. Entendemos isso e achamos que haverá uma mudança, já nos primeiros meses de 2016, mas só vamos conseguir sair da crise completamente se gerarmos emprego e renda”, afirmou.
Questionado se a eleição municipal de 2016 pode interferir no setor, Almeida negou e também citou investimentos sociais do governo federal. “Essa parte de obras do município é de suma importância, mas interfere pouco na geração de empregos. O que adianta mesmo são obras do governo federal, como o Minha Casa Minha Vida, que é sempre o grande gerador. Em 2016, já percebemos sinais de novos lançamentos e isso é positivo”, concluiu.
Fonte: G1.com