Foi positiva a primeira reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), órgão vinculado à Presidência da República, mas a expectativa da construção civil é que o diálogo desencadeado o pelo governo com os setores representativos da sociedade culmine rapidamente em medidas efetivas para enfrentar os problemas estruturais do pais.
“A reunião foi positiva, com propostas estruturais, mas depende do desdobramento disso. A presidente Dilma Rousseff me pareceu humilde ao afirmar que não há assunto interditado para o debate e defender o diálogo”, afirma José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), representante da construção civil no CDES.
Durante o encontro, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, anunciou um conjunto de medidas para diversos setores, que injetarão R$ 83 bilhões na economia. Entre elas, três são direcionadas à construção: (1) a autorização do uso da multa e de parte do saldo do FGTS como garantia em operações de crédito consignado para trabalhadores do setor privado que tenham sido demitidos sem justa causa. Essa medida depende de aprovação do Congresso e, com ela, o governo espera estimular R$ 17 bilhões em crédito com essa medida; (2) liberação de R$ 10 bilhões em recursos do FGTS para crédito habitacional; (3) abertura de linhas de crédito para infraestrutura com recursos do FI-FGTS, da ordem de R$ 22 bilhões. “Isso pode estimular trabalhador a recorrer ao FGTS para pagar dívidas e induzir à informalidade. Nós não concordamos”, diz Martins.
Segundo ele, a expectativa dos empresários do setor é que avançar na discussão de reformas estruturais que modernizem o Estado e restabeleçam a capacidade de investimento, como a da Previdência, a administrativa e a trabalhista. “Neste momento, todos perdemos. Se não agirmos rápido, muito mais será perdido e levará mais tempo para recuperar. Precisamos começar, agora, uma negociação que recoloque o pais no rumo certo”, diz Martins. O setor tem cobrado o enxugamento da máquina pública e a rediscussão de despesas obrigatórias.
Fonte: CBIC