O governo aumentou de R$ 500 mil para RS 750 mil o teto do valor do imóvel financiado com recursos do FGTS nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e no Distrito Federal. Nos demais estados, o novo limite será de R$ 650 mil. O valor estava congelado desde 2009 em R$ 500 mil para todo o país nos financiamentos habitacionais enquadrados no Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que reúne recursos da poupança e do FGTS e tem uma taxa de juros mais atrativa, limitada a 12% ao ano. Os novos valores entram em vigor a partir de hoje.
A medida foi aprovada ontem pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), atendendo a um pleito antigo do setor da construção civil. O governo vinha resistindo, sobretudo a Caixa Econômica Federal e o Ministério das Cidades, diante do receio de que a correção desse teto pudesse resultar em uma remarcação imediata no preço dos imóveis.
BC: preços não devem subir
Na avaliação do chefe adjunto do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central, Júlio Carneiro, as mudanças não causarão alta nos preços, nem um boom nas vendas de imóveis. Ele reconheceu, porém, que a elevação do limite deverá ajudar os setores imobiliário e de construção civil.
– Não tememos aumento dos preços dos imóveis. Estamos vendo que os preços dos imóveis subiram bem fortemente alguns anos atrás e, agora, estão estabilizados e crescendo em ritmo moderado e adequado à economia brasileira. O mercado vai continuar andando como está – acrescentou, explicou que, no caso do DF e dos estados de São Paulo, Rio e Minas, os preços de imóveis e custos são mais altos.
O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (Cbic), Paulo Safady, comemorou o fato de o governo ter atendido em parte o pedido do setor, ao reajustar mais os valores em algumas praças. Segundo dados da entidade, o mercado também está aquecido em algumas capitais, como Recife, Fortaleza e Porto Alegre, que ficaram com teto inferior, de R$ 650 mil.
– Vamos analisar o impacto da mudança no mercado e, se verificarmos que o problema persiste nesses estados, vamos levar o assunto ao governo novamente – disse Safady.
Até 80% do valor financiados
De acordo com as novas regras, o valor do financiamento não poderá superar 80% do valor de avaliação do imóvel. A exceção é para os financiamentos realizados pelo Sistema de Amortização Constante (SAC) – com prestações que começam mais altas e caem – para o qual o índice poderá atingir 90% do valor de avaliação. Antes, o limite para todas as tabelas era de 90%.
João Paulo Rio Tinto de Matos, presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-RJ), acredita que o aumento do limite no Rio corrige uma distorção de quatro anos:
– Não acredito que isso vá gerar aumento de preços, pois eles já evoluíram nos últimos quatro anos, desde que o limite passou de R$ 350 mil para R$ 500 mil.
Hoje em dia é difícil comprar um imóvel de dois quartos por menos de R$ 500 mil na Barra ou na Tijuca. Essa correção amplia as possibilidades – disse ele, que ainda vê dificuldades para a compra de imóveis na Zona Sul carioca: – Talvez, procurando bem, seja possível encontrar algum imóvel usado em Botafogo.
Matos afirmou que ainda é cedo para saber o potencial de aumento de vendas com a medida. Segundo ele, parte do público que tem uma boa quantia no FGTS sequer procura imóveis por causa do limite de R$ 500 mil. Ele, contudo, acredita que isso deva aquecer o mercado, principalmente nos imóveis prontos ou em finalização.
Roberto Kauffmann, presidente do Sinduscon-Rio, comemorou o novo limite.
– Isso é muito bom para o setor. Com esse limite, a classe média do Rio, que só podia comprar usando o fundo no Centro ou na Tijuca, talvez possa encontrar algo em Botafogo ou em Laranjeiras.
Fonte: CBIC