Os fabricantes de materiais de construção apostam que o crescimento das vendas para o varejo e para obras de infraestrutura, além da diversificação de clientes e nichos de atuação, vão manter as vendas nos próximos anos. São saídas para compensar a queda esperada, a partir do segundo semestre e, principalmente, de 2014, da demanda por parte das construtoras para empreendimentos residenciais.
Desde o início de 2012, o conjunto de lançamentos realizados pelas incorporadoras de capital aberto está em queda, situação que se repetiu no primeiro trimestre de 2013. “Vamos começar a sentir, no segundo semestre, a desaceleração das vendas de produtos de acabamento para o segmento imobiliário, devido à queda de lançamentos iniciada no fim de 2011”, diz Walter Cover, presidente da Abramat, entidade que representa o setor.
A maior parte das vendas faturadas pela Eliane Revestimentos Cerâmicos, neste ano, para as construtoras se refere a pedidos para empreendimentos lançados há dois anos, segundo o diretor comercial da empresa, Rogério Longoni. O ritmo de comercialização esperado para o segmento é semelhante ao do ano passado.
Longoni avalia que a queda dos lançamentos ocorrida em 2012 pode se refletir em menos demanda de revestimentos por parte das construtoras em 2014. Apesar disso, a Eliane mantém os investimentos previstos. Segundo o diretor comercial, caso a demanda por parte de projetos residenciais caia, será compensada pelas compras do segmento de infraestrutura, além da comercialização para o varejo, que responde pela maior parte das vendas da empresa.
As vendas do varejo terão crescimento de 6,5% em 2013, projeta a Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco). Até abril, a expansão foi de 4%, impulsionada por renda e emprego, segundo o presidente da entidade, Claudio Conz, e a tendência é que esse desempenho tenha se mantido até maio.
Assim como a Eliane, a fabricante de tintas decorativas e industriais AkzoNobel espera que uma eventual redução de demanda para o segmento residencial seja compensada pelo varejo e infraestrutura. Por enquanto, não foi sentida nenhuma queda. Segundo o diretor-geral da AkzoNobel para o Brasil e América Latina, Jaap de Jong, a empresa vai fornecer tintas para oito dos doze estádios da Copa. O faturamento das unidades de negócios de tintas e revestimentos da AkzoNobel, no país, cresceu entre 5% e 10% de janeiro a maio, ante o mesmo período do ano passado.
A entrega de empreendimentos do programa Minha Casa, Minha Vida e a queda das importações, decorrente da desvalorização cambial, também vão contribuir para balancear a esperada desaceleração das compras por parte das construtoras, de acordo com Cover. A entidade projeta crescimento de 5% na receita real das vendas das indústrias de materiais de acabamento em 2013 e em 2014.
O setor imobiliário responde por 28% do total de vendas de materiais de base e de acabamento, segundo a Abramat. O consumo por parte das famílias fica com a fatia de 50%, e a infraestrutura, com 22%. Em 2013, a participação das famílias será mantida, mas a parcela das construtoras terá queda e a do segmento de infraestrutura aumentará, segundo Cover.
A Portobello e a Cecrisa, líderes no segmento de revestimento cerâmico, dizem não esperar queda de vendas, mesmo com a redução de lançamentos pelas incorporadoras abertas. As duas empresas apostam na pulverização das vendas para além das cidades e construtoras de maior porte.
O superintendente do canal engenharia da Portobello, Marcos Reis, conta que a participação de vendas para empreendimentos comerciais, as chamadas grandes lajes corporativas, cresceu e que os produtos da empresa são mais focados nas classes A e B. O canal engenharia da empresa, de vendas para as construtoras, tem crescido 30% ao ano em volume desde 2009. No primeiro trimestre, a receita líquida da área cresceu 24%
A Cecrisa deu início à diversificação de clientes e regiões de atuação em 2012, para dar suporte ao seu plano de expansão. A empresa pretende manter o fornecimento de produtos para incorporadoras listadas em bolsa, mas ampliar a venda para as empresas fechadas, conforme o diretor comercial, Luis Francisco Zolin. O crescimento tem como base também o aumento da participação da linha econômica em relação à Premium.
O presidente da Eternit, Élio Martins, diz não estar preocupado com a possibilidade de a demanda para empreendimentos residenciais ser reduzida, à medida que suas vendas são direcionadas, principalmente, ao varejo. As vendas para as construtoras respondem por 2% do faturamento do grupo fabricante de telhas, caixas d’água e louças e metais sanitários. Dois terços das vendas da Eternit são destinados à construção para a média e baixa rendas, e um terço para o médio de alto padrão.
Fonte: CBIC