A desaceleração econômica está provocando uma onda de demissões na construção civil. O setor, na verdade, sempre teve uma elevada rotatividade, mas a diferença fundamental é que o saldo entre admissões e demissões era positivo no passado – ou seja, os demitidos conseguiam recolocação. Nos primeiros dois meses de 2014, por exemplo, houve abertura de 63,1 mil postos formais no setor. No mesmo período deste ano, porém, foram destruídos 35,5 mil postos formais.
“As obras iniciadas em anos passados estão terminando. Agora, precisamos de novas decisões de investimento para absorver a mão de obra”, afirma Eduardo Zaidan, vice-presidente de economia do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP). “Mas a política de restrição fiscal, a inflação mais alta e os juros mais altos deixam a política de novos investimentos bastante restrita.”
O momento que vive o setor é ilustrado pelo número alto de demissões sem justa causa – que são os cortes mais diretamente ligados às dificuldades financeiras das empresas: entre janeiro e fevereiro, 73% dos trabalhadores desligados na construção foram demitidos sem justa causa, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
As outras categorias de demissões apontadas no Caged são saídas espontâneas, término de contratos, por justa causa, aposentadoria e morte (ver quadro). Como comparação, na agropecuária, por exemplo, as saídas sem justa causa representaram 56,68% do total. Na indústria, um pouco menos: 56,53%.
Freio. O desempenho da construção civil também tem sido afetado pela Operação Lava Jato, que investiga corrupção em contratos da Petrobras. Com a operação, as construtoras tiveram crédito cortado e estão sem caixa para tocar as obras pelo país. Nos Estados com grandes obras de infraestrutura em andamento, fica evidente como o emprego tem sido afetado.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.