O setor da construção civil poderá ter, em 2015, um dos piores desempenhos em cinco anos, a se confirmarem as tendências apontadas pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre-FGV), pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), pelo sindicato da habitação (Secovi) e pelo Ministério do Trabalho. O que torna o problema mais grave é o fato de o segmento operar em ciclos longos, ou seja, o pessimismo atual tende a influenciar a produção dos próximos anos.
Entre janeiro e fevereiro, o Índice de Confiança da Construção (ICST), da FGV, caiu 6,9%, maior recuo mensal desde julho de 2010. Chegou a 83,8 pontos e é o mais novo recorde negativo da série – abaixo dos 100 pontos que dividem a banda otimista da pessimista. A média histórica é de 121,4 pontos.
A Sondagem Indústria da Construção da CNI relativa a janeiro também mostrou os piores indicadores da série iniciada em janeiro de 2010, com nível de atividade de 36,9 pontos numa escala de 0 a 100, sendo 50 o ponto que separa otimismo e pessimismo. O nível de atividade efetivo em relação ao usual caiu quase ininterruptamente desde o primeiro trimestre de 2012, sendo maior nas grandes empresas. Apenas 60% da capacidade instalada foi utilizada, 10 pontos porcentuais menos do que em janeiro de 2014.
O balanço do Secovi sobre o mercado imobiliário da capital e Região Metropolitana de São Paulo em 2014 também foi negativo, com mais lançamentos do que vendas e, assim, com alta de estoques. É o que justifica as promoções de fim de semana de construtoras e imobiliárias. Os construtores querem reduzir estoques ainda que abrindo mão das margens de lucro habituais. No Município de São Paulo – já muito afetado pelo Plano Diretor – foram lançadas 31,7 mil unidades e comercializadas 21,6 mil, com queda de vendas de R$ 20,5 bilhões para R$ 11,9 bilhões, segundo as pesquisas da Embraesp. Nos municípios vizinhos a São Paulo, onde os preços médios são mais baixos, houve equilíbrio entre oferta e demanda.
Além disso, foram cortados em 12 meses, até janeiro, 167 mil empregos formais na construção, dos quais 9,7 mil no mês retrasado. Em termos relativos, o setor suprimiu 5,18% dos postos – e foi o que mais demitiu nos últimos 12 meses.
Fonte: CBIC