Desempregado há oito meses, Renan Oliveira, 28, de Salvador (BA), conseguiu um trabalho em janeiro numa loja de móveis e eletrodomésticos. O vendedor soma-se ao 1 milhão de pessoas que se ocuparam no Nordeste no primeiro trimestre, região que sustentou o crescimento do emprego em nível nacional.
O número de ocupados no Nordeste subiu 4,9% ante os três primeiros meses de 2013. É o melhor desempenho regional. No Sudeste, as contratações cresceram apenas 0,8% (312 mil pessoas, ou cerca de um terço das vagas abertas no Nordeste). Na média nacional, a alta foi de 2%.
Compilados pela Folha , os números são da Pnad Contínua, primeira pesquisa sobre mercado de trabalho do IBGE em todo o país –cuja coleta de dados do segundo trimestre já sofre por causa da greve do instituto que perdura há um mês.
A pesquisa não traz ainda informações por setores nem de rendimento, indicadores previstos para 2015. Mas outros levantamentos indicam, por exemplo, que as vendas de comércio e serviços, que empregam proporcionalmente mais, vão melhor na região.
Já o Sul (alta de 0,8% na ocupação) e Sudeste, mais industrializados, sentem mais a crise do setor fabril e a consequente retração do emprego. A construção civil também vive melhor fase no Nordeste.
Para Fernando de Holanda Filho, economista da FGV, o Sudeste e o Sul beneficiaram-se mais do boom do emprego pós-crise de 2008/2009.
“Agora, a crise na indústria e a saturação do mercado de trabalho são hipóteses do desempenho mais fraco dessas regiões, que contrataram muito ao longo dos últimos anos, apesar do fraco crescimento da economia.”
A Pnad Contínua também, diz, mostra que o emprego vai melhor fora das regiões metropolitanas. Tal efeito é potencializado no Nordeste.
Outra possibilidade é a migração de empregos para o Nordeste em busca de custo mais baixos de mão de obra para posições de call center, por exemplo. A Oi, por exemplo, aumentou em 46% o emprego no Nordeste, chegando a 3.000. A empresa abriu 35 novas lojas neste ano.
A Via Varejo (Casas Bahia e Ponto Frio) inaugurou quatro pontos de venda no Nordeste, com 130 empregados. A empresa prevê de 40 a 50 novas lojas de 2014 a 2016 na região.
A maior geração de empregos no Nordeste só atenua a desigualdade no mercado de trabalho do país. “A distância para as outras regiões tanto em renda como em emprego tem melhorado, mas ainda há um caminho grande”, diz Gabriel Ulyssea, do Ipea.
A taxa de desemprego no Nordeste é a mais alta dentre as regiões: 9,3% no primeiro trimestre –a média nacional foi de 7,1%–, e menos nordestinos estão inseridos no mercado de trabalho (56,9% de pessoas acima de 14 anos, ante 61,1% no país inteiro).
Fonte: Folha de SP